Beleza de tour por essas músicas e tantos significados, Sergio. É do melhor – e extinto – jornalismo musical, mas vai além. Eu vou te dizer um negócio, uma certa turma conhecida nossa fala numa tal de alta cultura, em coisas eruditas.
Acho isso uma grande mentira, um fingimento sem tamanho, pelo seguinte: simplesmente não é possível dar um salto com barreira para trás e ignorar a música popular – popular no sentido de não-clássica.
Nós estamos mergulhados na cultura do nosso próprio tempo, não temos nenhum controle sobre isso. Significa que podemos e devemos ter um olhar para o que de melhor nosso tempo produziu, e a maioria dessas coisas boas não sabemos.
Sabemos a raspa oferecida na grande mídia – aí sim, a pior parte da cultura contemporânea. Os puristas e afetados tomam essa ração midiática pelo todo, por ignorância.
Obrigado por mostrar o melhor que há e pode haver na cultura do nosso tempo também, sem desprezar a herança geral. Porque tudo se conversa no fim das contas. Grande abraço, meu caro.
Obrigado por suas palavras, Fernando. São muito pertinentes. Quando tomei consciência da seriedade da vida, tentei desprezar a dita “cultura pop”, na qual estive inserido desde a infância e que alimentou a minha adolescência e início da vida adulta. Inclusive foi por meio da cultura pop que comecei a mergulhar na literatura dita clássica. Você sabe: essas classificações só existem nas nossas cabecinhas. Tudo é cultura. Especialmente quando para de ser um tabu ou um drama reconhecer que música de Bach é objetivamente superior à qualquer coisas que os Smiths tenham feito. O caso é que cresci ao som da banda Manchester e isso faz parte da minha história. Não há como negar. Somos vocacionados ao nosso tempo. Ouço Bach e Smiths. Leio Cervantes e Patti Smith. Acabei de ler um soneto de Shakespeare que me obrigou a abrir alguns outros livros e fazer uma pequena pesquisa para tentar entendê-lo melhor. Agora estou escutando Afterlife, de Sharon Van Etten, que desliza pelos meus ouvidos sem nenhuma necessidade de erudição, mas que contém os versos metafísicos: Will I see you in the afterlife? Someone inside me saved me, made me see the light…
Uma alegria ter você aqui. Apesar da efemeridade dos tempos, sempre haverá gente interessada em arte. São os que salvam nossos dias. Morrissey é um desses. Um abraço.
Can make a good man bad», muito triste ouvi-lo cantando isso. Lembro quando ele ainda era considerado a"pessoa mais adorada do mundo", acho que era assim que se referiam, numa Bizz ou Rolling Stones antiga.
É o temperamento trágico-romântico. Hehe. Morrissey sempre soube colocar as coisas de modo a soar o mais dramático possível. Um grande escritor. "O maior inglês vivo".
Beleza de tour por essas músicas e tantos significados, Sergio. É do melhor – e extinto – jornalismo musical, mas vai além. Eu vou te dizer um negócio, uma certa turma conhecida nossa fala numa tal de alta cultura, em coisas eruditas.
Acho isso uma grande mentira, um fingimento sem tamanho, pelo seguinte: simplesmente não é possível dar um salto com barreira para trás e ignorar a música popular – popular no sentido de não-clássica.
Nós estamos mergulhados na cultura do nosso próprio tempo, não temos nenhum controle sobre isso. Significa que podemos e devemos ter um olhar para o que de melhor nosso tempo produziu, e a maioria dessas coisas boas não sabemos.
Sabemos a raspa oferecida na grande mídia – aí sim, a pior parte da cultura contemporânea. Os puristas e afetados tomam essa ração midiática pelo todo, por ignorância.
Obrigado por mostrar o melhor que há e pode haver na cultura do nosso tempo também, sem desprezar a herança geral. Porque tudo se conversa no fim das contas. Grande abraço, meu caro.
Obrigado por suas palavras, Fernando. São muito pertinentes. Quando tomei consciência da seriedade da vida, tentei desprezar a dita “cultura pop”, na qual estive inserido desde a infância e que alimentou a minha adolescência e início da vida adulta. Inclusive foi por meio da cultura pop que comecei a mergulhar na literatura dita clássica. Você sabe: essas classificações só existem nas nossas cabecinhas. Tudo é cultura. Especialmente quando para de ser um tabu ou um drama reconhecer que música de Bach é objetivamente superior à qualquer coisas que os Smiths tenham feito. O caso é que cresci ao som da banda Manchester e isso faz parte da minha história. Não há como negar. Somos vocacionados ao nosso tempo. Ouço Bach e Smiths. Leio Cervantes e Patti Smith. Acabei de ler um soneto de Shakespeare que me obrigou a abrir alguns outros livros e fazer uma pequena pesquisa para tentar entendê-lo melhor. Agora estou escutando Afterlife, de Sharon Van Etten, que desliza pelos meus ouvidos sem nenhuma necessidade de erudição, mas que contém os versos metafísicos: Will I see you in the afterlife? Someone inside me saved me, made me see the light…
Valeu pela citação, Xará. Grandes discos nessa lista. Um verdadeiro alento em tempos onde tudo é tão diluído e se evapora em 24h.
Quanto ao Morrissey: gênio indomável
Uma alegria ter você aqui. Apesar da efemeridade dos tempos, sempre haverá gente interessada em arte. São os que salvam nossos dias. Morrissey é um desses. Um abraço.
«See, the life I've had
Can make a good man bad», muito triste ouvi-lo cantando isso. Lembro quando ele ainda era considerado a"pessoa mais adorada do mundo", acho que era assim que se referiam, numa Bizz ou Rolling Stones antiga.
É o temperamento trágico-romântico. Hehe. Morrissey sempre soube colocar as coisas de modo a soar o mais dramático possível. Um grande escritor. "O maior inglês vivo".
Ele já cantava isso quando era adorado. Antes o que podia ser um exagero romântico, hoje em dia ganha outro peso.
Sim, sem dúvida. É mais atual.